14 de out. de 2010

NSP Cap 38 De volta para o Brasil

Não sei ter ressaca, não sou de beber, fico tentando provar coisas para que passe o mal estar, para preencher o vazio que fica no estomago de um ressaquiado. Fui salvo pela governança do hotel que me serviu litros de suco de laranja, me aconselhou a beber muita água e a comer muita proteína. Essa foi a melhor parte, comi um boi no almoço e depois de dar uma bela caminhada subindo e descendo as floridas ladeiras da ilha.
Voltei para o hotel já eram 16 horas e começou a martelar na minha cabeça a chamada matinal do Manolo. Realmente tinha sido meio que sacana com ele. Que dizer, meio por que sou eu mesmo que tô dizendo. Na verdade fui sacana inteiro. Mas como eu ia negar meu rabo para um cara que eu tinha acabado desvirginar! Estávamos altos de bebida e achei que não iria acabar bem, ia dar rolo com certeza. E se tem uma coisa que pago pra não entrar é em briga, quanto mais com um cara que eu tinha acabado de fazer sexo. Sexo gostoso, com carinho e tesão. Tivemos uma noite bem divertida, seria muito ruim terminá-la com sessões de socos e desaforos. Ai sartei fora! E o malandro me pegou no laço bem cedinho. Kkkkkk
Então resolvi convidá-lo para jantar, se era para encarar, que eu estivesse no comando da situação. Liguei pro móvel de Le e fui atendido com o maior carinho. O safado veio todo todo, pensando que ia meter rola em mim. Mas já tinha uma estratégia pra virar o jogo.na verdade uma coisa ser direto e honesto. Marcamos para as 20 horas. Dormi um pouco, acordei inteiraço! Aproveitei da maravilhosa ducha da sala de banho de minha suíte. Desci todo bonitinho. O Manolo foi super pontual! Nada como sexo para fazer um homem ser pontual. Experimenta uma namorada ou namorado chamar para uma DR e eles que esperem sentadinhos com as buzanfas num estofado bem fofinho.
Cumprimentamos-nos como velhos amigos. O cara é realmente uma simpatia. Não foi logo chegando com olhar de minha-vez-de-te-pegar. Escolhemos o restaurante da piscina, a noite estava pra lá de bonita. O hotel tinha uma freqüência de gente jovem e chic. Pudera! Pelo preço. Só muderninhos endinharados pra freqüentar. Eu falava solto e risonho com o Manolo que se acabou de rir quando me neguei a beber. Fiquei na bendita água de coco bem gelada. Eu devia estar falando de modo tão italiano que dois caras de umas duas mesas depois da nossa se chegaram perguntando da onde eu era. Como tinham me perguntado em italiano respondi que era de Napoli, mas brasileiríssimo acima de tudo. Eles riram dizendo que devia ser uma mistura bem interessante. Eram nortistas , um de Milano, via-se de cara pelo modo de vestir e o sotaque típico do milanês, o outro era fiorentino. Imediatamente falei do carinho que tinha por Firenze e pelas suas belíssimas obras de arte. Senti o milanês meio ciumento de sua cidade e não tendo muito que falar, pois, Milano apesar de elegante é como qualquer cidade européia, ao menos no meu ponto de vista. Lógico que tem o charme de ser a capital do Design e da Moda italianos e foi isso que elogiei. Brinquei dizendo que sempre vou lá para comprar minhas roupas. Os caras ficaram conversando sobre a Ilha, os passeios que fizeram e os que pretendiam fazer. Indiquei o Manolo e seu belo veleiro para darmos todos juntos uma volta ao redor da Ilha. Convidaram-nos para tomar uma grappa (cachaça italiana). Quase tive uma rebordosa lembrando-se de como me senti quando acordei. Desvencilhei-me do convite. Convidaram para jantar e disse logo na cara dura que não, pois precisava estar com o Manolo e acertamos uns assuntos. Isso porque eu já tinha notado a cara do Manolo, que mesmo sendo super jovial e simpático deixou bem claro através de olhares que preferia que estivéssemos a sós. Eles se tocaram e marcamos para a manhã seguinte fazermos juntos la prima colazione (desjejum). Se despediram e foram para o tal restaurante franco-português.  Assim que viraram as costas o Manolo pôs seu melhor sorriso na cara e disse.
-Você é direto! Pensei que íamos acabar passando a noite de bar em bar com estes seus conterrâneos.
-Se eu não fosse direto acho que era isso que aconteceria. Mas não estou a fim de passar mais noite enchendo a cara ou rodando de bar em bar. Além disso, Manolo sua companhia é deliciosa demais e não iria perder minha penúltima noite com um chato milanês, e um Fiorentino feio que só porra.
Ele riu como se eu tivesse falado a coisa mais engraçada que ele jamais ouvira. Perguntei o porquê? Ele disse-me que de repente eu tinha mudado de acento e que minha voz lhe pareceu mais cantada. Sorri falando que foi um ataque de baianidade. Comecei a desfiar meus louvores à minha Bahia. Ele olhava encantado e disse.
-Como você consegue ser tão apaixonado por duas pátrias? Você fala do Brasil e da Itália com uma paixão muito tocante.
-Bom. Amo o Brasil que é minha terra, mas minha nação é a Bahia, também amo demais a Itália e quanto mais a conheço mais amo tanto ela quanto a Salvador. Amo a geografia, a arte, as paisagens, o mar da Itália. Mas italianos, assim como todos os europeus tem um quê de melancolia e de vecchi, talvez seja em razão do passado de guerras e de ser um dos palcos mais antigos da humanidade. Já o Brasil, é novo e cheio de esperança, não temos rancores guardados. Todos que passam um bom tempo lá, de uma forma ou de outra terá para sempre o Brasil no coração. Salvador em especial é alegria pura e é povoada pelo povo mais maravilhoso deste planeta. Lógico que tem problemas sérios de infra estrutura, desemprego e outras coisas que são inadmissíveis num dos estados mais ricos do país. Mas isso tudo já te falei ontem, estava alto, mas não bêbado, me lembro de tudo que falamos e fizemos ontem.
Pronto! Este era o gancho que o Manolo estava esperando, e eu o tinha dado de propósito. Vi seus olhos brilharem e me encararem exatamente como eu faço preste a devorar uma presa. Então ele disse.
-Quando você vai me levar para conhecer sua suíte.
-Tá interessado na decoração? Kkkkk.
-Quero ver como você enfeita a cama!
-Cabrón! Vamos comer e por os pingos nos is.
-Do que estás falando?
-Bem Manolo. Adorei ter ficado com você cara! Você é uma pessoa adorável, um cara gostoso pra carajo.  Mas nem pensa que vai me fuder!Neste rabinho tu não vai entrar não meu vei.
-Não estou te entendo Matteo! Ontem você falava de liberdade, de prazer.
-E o que isso tem haver com minha bunda?
-Tu me descabaçou Matteo!
-E você não gostou?
Ele me olhou meio ressabiado, depois ficou meio sem graça, por fim sorrio de leve e respondeu.
-Bem, gostei sim. Tu sabes fazer o negocio. Mas pensei que seria de igual pra igual.
-Sim e fomos assim.  E se rolar de novo será em termos de igualdade outra vez. Mas igualdade de prazer. Não vou fazer nada que não curto só pra te  dar prazer né vei? Pensa comigo Manolo. A idéia não seria os dois fazermos as coisas que gostamos? Não seria os dois termos prazer? Poxa cara, não te estuprei, dei a idéia e você topou, a única coisa que te prometi foi não te machucar e dar o máximo de prazer. Isso eu cumpri não foi?
-Tudo bem Matteo, não vou te obrigar a fazer o que não quer ou não gosta, seja lá o que for.
-Não zanga comigo Manolo, tô sendo leal contigo.  Não estou fazendo jogos. Somos homens cara! Não precisamos de subterfúgios.
Olhei para ele e sorri. Ele sorriu de volta, desta vez sem reservas. Eu tinha ganhado a parada e se fudessemos, meu rabinho iria sair ileso. Pedimos o jantar e rimos bastante trocando idéias sobre relacionamentos, paqueras e algumas histórias minhas de viagens e dele sobre turistas. Assim que terminamos o garçom deixou o menu de sobremesa na mesa. Perguntei-lhe o que queria. Ele respondeu.
-Você.
-Olha que sou pesado após um jantar.
-Te agüentei ontem,  quero mais hoje.
-Ah! Safado! Então vou te dar mais do que você quer.
Subimos pra minha suíte e o Manolo imediatamente que entramos me beijou. Um beijo com saudade, um beijo dizendo que queria mais do que havíamos tido na noite anterior. Tirei-lhe a camisa e beijei seu peito. O telefone tocou. Não acreditei. Um empata foda !
Na hora pensei ser o Lipo, fui prontinho pra dar uma baixa! Mas me lembrei que seriam 4 horas mais cedo no Brasil. Atendi o telefone depois de tocar muito. Era o Cado. No exato momento que ele me disse “oi” senti um  tom diferente na sua voz. Nem respondi o oi e fui logo perguntando.
-Que está acontecendo? Sua voz está estranha.
-Calma Teo.
-Foi a mamma?
-Tá tudo bem com sua mamma Teo.
-Cado! Fala logo o Lipo tá bem? Você está bem?
-Nada com o Lipo, eu estou ótimo meu amor. A Estelita teve ataque cardíaco! Está no hospital.
-Minha Estelita? Ela está viva não está Cado? Minha Estelita está viva? Fala pra mim!
-Ela está em cirurgia.
-Quero ir pra casa agora! Quero estar junto dela.
-Calma Teo. A Silvia fez uma reserva para você num vôo que sai as 06:00 horas da manhã pra Recife, como não tem conexão pra cá numa hora próxima você vai pegar um jatinho, já deve estar tudo no seu email com detalhes.
-Como aconteceu?
-De repente em casa! O Lipo me ligou apavorado!
-Chiama mio fratello, bisogno parlare com lui.
Numa hora de pavor falo em italiano, deve ser o hábito de infância. De alguma forma me conforta falar a língua de miei babbos. 
O Lipo veio ao telefone e na hora que falei, ele começou a chorar. Choramos juntos. Amamos a Estelita. Não Como alguém que cuida de nossa casa, de nossa comida e roupas. Ela nos cuida como filhos. Na falta da mamma que foi pra Itália com o babbo, ela cuida de nosso dia a dia. Está sempre feliz, e com os braços abertos para nossos problemas. Faz 5 anos que trabalha conosco e é como se fosse sempre. Em gripes e doenças fica à nossa cabeceira, evita brigas entre eu e o Lipo. Aconselha sempre o Lipo. Cuida até do Léo quando este fica conosco. Nunca teve hora para chegar ou sair. Por tanta dedicação que não se paga, eu o Lipo lhe compramos um apartamento perto de nossa casa, pois cada vez que ouvíamos falar de assalto a ônibus  ficamos preocupados com ele. Hoje ela mora a menos de 1000 metros de nós. Retribuímos  o carinho maternal com amor filial.
Corri para o aeroporto deixando o Manolo de novo na mão. Mas desta vez eu não tive saída, tinha de correr para o aeroporto e começar uma viagem preocupante até o Brasil.
Depois de horas de vôo, encontrei o Almeidinha, o motorista, com uma cara muito cansada no Aeroporto. Neste segundo meu corpo sentiu uma forte descarga elétrica. Pensei que algo tinha dado errado na cirurgia da Estelita.
-Almeidinha como está ela?
-Saiu da cirurgia, está em recuperação na CTI.
Fomos direto para o Hospital Aliança. Cheguei e fui direto falar com o Lipo que tinha a bendita foto da búfala nas mãos (Será que ela tinha virado Santa?). Minutos depois chega o Cado. Então foi minha vez de buscar conforto em seus braços. Duas horas depois chega o médico e libera a visita, ela tinha sido transferida para o apartamento. Fomos surpreendidos eu e o Lipo por termos chamados antes de seu filho mais velho.
Entramos com olhos rasos d’água, emocionados de vê-la ali viva e aparentando estar bem. Apesar de toda envolta em faixas e curativos, quis nos dar um abraço. Trocamos por apertos de mãos e beijos carinhosos. Nos pôs um de cada lado da cama. Nos disse que éramos seus filhos queridos. E que agradecia tanto carinho. Olhou para o Lipo e sorriu um belo sorriso de mãe, chamando-o de “meu pestinha bonito”. Logo depois olhou para mim e reclamou de eu ter voltado antes da viajem de trabalho. Falei.
-Como iria trabalhar sabendo que você, nossa Estelita, precisava de nós por perto. N0s te amamos Estelita, você é nossa mainha baiana. E mais que isso, eu estava precisando de uma boa sova, tomei um pileque na noite retrasada.
Ele me olhou, de repente ficando séria. Me deu um tapa na mão, de zendo não bater na bunda por não ter força no momento. Rimos das bobagens da Estelita, que logo perguntou quando iria para casa.
-Assim que ficar melhor e vai levar uma enfermeira junto, para te atazanar a vida.
-Para de bobagem meu pequeno gigante! Vou me cuidar sozinha.
O Lipo falou.
-Nada disso! E tem mais! Além da enfermeira irá me agüentar todos os dias te visitando. Só fico quieto quando você voltar para sua segunda casa, a nossa casa.
Ainda bem que tudo acabou bem. Eu já estou em pedaços pela mamma, ficar sem a Estelita iria terminar de virar meu mundo de cabeça pra baixo.

2 comentários:

  1. vc agora deu p me fazer chorar!!!!
    cara, quando eu penso que vc jah passou por tudo, acontece mais uma!!!
    to com saudades!!!
    ha muito nao nos falamos no msn
    bjs marcao

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  2. Matteo, sua história continua ótima!
    Como o Marcão disse: "Quando penso que você já passou por tudo, acontece mais uma!".
    A cada post que leio te admiro mais, Grandotti!

    Um grande beijo!

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