4 de mar. de 2011

Viva o Carnaval!

Estou na Índia, na província do Rajastão, terra do majestoso Taj Mahal, o maior monumento ao amor já criado pela mão do homem. Um amigo inglês viu lagrimas no meu rosto ao assistir pela televisão o começo da maior festa popular do planeta. O Carnaval do Brasil. Nunca fui grande participante do Carnaval, nem mesmo na Bahia de meu coração. Mas como todo bom brasileiro sei o significado desta festa. Sabendo disso ele me perguntou por que eu chorava. Perguntou se era a tal “saudade” brasileira. Não estou especialmente saudoso do Brasil. Sim, sinto falta dos meus amigos e de minha terra querida, a Bahia! Mas quis explicar-lhe o que era o Carnaval.
E comecei.
Meu amigo! Minha terra tem belas praias e palmeiras, onde não canta só o sabiá. Lá também cantam os tambores de áfrica que fazem nosso coração seguir seu ritmo, choram cuícas que fazem  um chamado ao nosso sentimento mais primevo, tamborins que fazem nossos pés bailarem quase por encanto, agogôs que hipnotizam nossas cinturas de molas devassas.
No carnaval o meu país pára para comemorar ser o que ele é. Uma mistura perfeita, filha da África e da Europa, sobrinha da Ásia e do Oriente, irmã de todas as Américas. No carnaval meu país sorri e dança feliz. Escarneia de sua história de miséria e desdenha daqueles políticos que não honram o voto que o povo lhes dá.  O Brasil de Norte a Sul se liga numa fraternidade única de sorrisos e beijos, de alegria incontida que deixam bobos os que não têm o privilégio de nosso sangue multirracial. No carnaval, empresários e empregadas domésticas são encontrados em becos escuros a trocar beijos indecentes, garis são vistos dando show de dança e alegria. No carnaval um povo que acorda antes do sol  e trabalha duros dia após dia faz o espetáculo mais luxuoso que o mundo vê admirado pelas telas da TV. É quando aquela balconista simples se torna a rainha da sensualidade, deusa de ébano, Afrodite mulata exibindo com um sorriso poderoso toda sua arte em ser feliz. É quando o porteiro de seu prédio. Aquele mesmo que você esquece-se de dar um simples bom dia, se torna um deus com seus pés de Hermes. Fazendo bailados impossíveis.
No norte tambores ecoam lembrando os Índios, outrora devastados pela ganância nossa.  No nordeste multidões cobrem o asfalto numa orgia alegre de beijos, amassos e danças sem sentido. No sudeste a  favela desce para o asfalto e faz o planeta nos invejar. No sul, terra de alemães e italianos que vieram fugidos da fome e da guerra se junta alegre a felicidade de ser parte de uma nova forma de viver. A forma brasileira de ver a vida com garra sim! Mas com um belo sorriso nos lábios.
No carnaval, não há vencedores ou vencidos, não há ricos nem pobres. Nesta festa sem barreiras, sem limites todos querem ser feliz, todos querem sorrir e reverenciar as coisas boas, agradecer a todos os deuses nossa terra encantando, onde não há terremotos, nem vulcões, nem tsunamis. Agradecemos a natureza o fato de morarmos no mais belo cenário deste lindo planeta. Sim temos problemas gravíssimos e imensos, mas a cada dia nós os venceremos um pouco, a cada dia eles serão menores. Essa é a hora que carregamos nossas energias para enfrentar todas as dificuldades que com certeza teremos. Sabendo que o futuro pode fazer uma careta pra nós, fazemos ele sorrir e se juntar em nosso abraço suado de festa. Sim, durante o ano que seguirá ainda teremos violências que nos envergonharão, crianças ainda morrerão de fome ou descaso, hospitais receberão nossos doentes em corredores sujos, escolas estarão abandonadas a própria sorte, enchentes causadas por nossa indiferença para com o lugar que vivemos, ainda causarão danos sérios e mortes evitáveis.  Mas nesse momento, nestes cinco dias teremos a mais absoluta certeza que vamos fazer nosso melhor para mudar tudo isso. Nestes cinco dias seremos os guardiães do coração do planeta, controlaremos com nossos pulos, danças, gingados e sorrisos cada pulsar. Todas as estrelas nos invejarão, todos os Deuses se orgulharão de nossos feitos. Mostraremos ao resto da humanidade que o mundo pode ser melhor. Que o Shangrilah  existe e mora em cada coração brasileiro. Que nossas ruas e avenidas podem ser o lar da alegria.
Desejo de todo meu coração que sejam felizes e aproveitem a festa em toda sua plenitude! Vivam a alegria de ser quem somos, vivam o prazer de sermos abençoados com o pedaço mais belo deste planeta. Tentem não se matar em estradas, usem camisinha e trepem como sátiros loucos! Que cada beijo entre milhares seja único, que cada abraço seja de irmão. Que cada musica boba que nos fazem mexer os quadris sejam hinos a alegria. Que cada grito seja um orgasmo. Bebam como o deus Baco, mas voltem vivos pra casa. Prefiram pedir desculpas e dar sorrisos a brigar enfurecidos e destoantes da alegria em volta. Preservem as cidades que vivem ou que estão visitando. Voltem pra casa com um sorriso na cara a consciência feliz de ter sido feliz.  Que debaixo das imensas asas da liberdade distribuam amor e felicidade. Essa festa é pra isso. Nesta festa mostramos ao mundo que a felicidade está ao alcance de um belo sorriso.

Um belíssimo Carnaval para todos!

3 comentários:

  1. Porra gatao, que bello!

    Eu nao suporto Carnaval, nunca gostei [a nao ser pelos dias de folga, claro], mas vendo essa questao das pessoas diferentes tao iguais durante a festa ela faz faz ... am... mais sentido xP

    Saudade, seu puto.



    Leke.

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  2. kralho tu eh foda neh...os deuses fizeram e quebraram a forma...

    bjos Will (do Rio)

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  3. Uooooooowww!! Melhor definiçao e descriçao do Carnaval q eu ja vi!

    Eu, como bom carioca q sou, to largado na rua, curtindo, vivendo, beijando, dançando... "espalhando o amor pelo mundo" hehehe. So penso em vc falando disso, rs.

    Bjão Grande!

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