18 de nov. de 2010

NSP Cap 42.......................Brigas e Amores

Logo depois do Jantar da Patyzinha do Lipo, chamei o Cado para terminar a noite lá em casa e juntos traçarmos os planos da viagem a Itália que faríamos dali a duas semanas. O Lipo mais cínico que eu, convidou o Léo para dormir com ele depois que deixaram juntos a tal da patricinha em casa, ela estava toda encantanda com minhas gentilezas para com ela. Diferente do Lipo que estava com a pulga atrás da orelha. Aquele ali me conhece bem. Com um olhar notou minhas trocas de olhares e risos com o Léo. Percebeu quando o Cado me chamou a um canto para me tirar satisfações.
Resolvi relaxar. Pensei que o Lipo se esqueceria de perguntar o que tinha acontecido. Ledo engano! Estávamos eu e o Cado animados com a programação de nossa viagem. Eu teimava em passar primeiro na França, queria conhecer uma fantástica obra da engenharia humana, a ponte Millau, mais conhecida como Le Viaduc de Millau. Esta ponte ou viaduto cruza o Vale do Rio Tarn no sudeste da França, região de Languedoc até a Espanha. Possui os maiores pilares construídos pelo homem. O mais alto passa em altura da Tour Eiffel. Foi inaugurada no inverno de 2004. Por diversos motivos eu não havia conseguido ainda visitar esta maravilha. Foi no consorcio construtor desta ponte feito entre três empresas, uma espanhola, uma sueca e uma francesa, que me inspirei para criar o nosso próprio consorcio. Lembro de ter pensado na época que se empresas de culturas tão diferentes e de idiomas distintos podem se unir por que não duas grandes nordestinas?
Comemorava minha vitória e safadeza do jantar com um beijo no Cado quando ouvi o elevador fechando a porta no hall de entrada na sala abaixo da biblioteca. Do mezanino pude ouvir as negativas do Léo de que ele tinha aprontado algo com minha ajuda. Ouvi a discussão crescer até ser surpreendido com o som abafado de um tapa. Desci veloz as escadas a tempo de ver o Léo meter um soco na cara do Lipo que caiu sentado num sofá próximo. Corri para separar os dois que ia em direção um ao outro, prontos para continuarem a confusão. Os dois só pararam quando peguei os dois pelos colarinhos e os sentei no sofá.
-Que porra é essa? Perguntei aos gritos.
O Léo imediatamente começou.
-Bigs! O Lipo do nada me deu um tapa na cara. Dizendo que eu havia aprontado algo com a namoradinha dele e diante de minha negativa ele simplesmente me bateu no rosto.
Perguntei ao Lipo.
-E sua versão Lipo?
-Grandotte! Sei que vocês aprontaram algo, quero saber o que foi!
-E quem disse que você tem o direito de bater no Léo para lhe responder o que você deseja ouvir?
-Grandotte! Eu tenho que saber!
-Cala a boca ou vai apanhar de novo e esta mão aqui você conhece bem o peso.
O Cado vendo a confusão tentou intervir.
-Calma Teo!
-Calma o caralho! Quem esse pivete pensa que é para sair batendo desse modo numa pessoa que gosta dele? E dentro de nossa casa?
-Fala baixo comigo! Disse o Cado.
Imediatamente me situei no volume de minha voz, não tenho o costume de gritar com o Cado e na fúria da discussão fui realmente grosseiro com ele.
-Me perdoa Cado. Mas isso aqui vou resolver a meu modo. Te peço perdão pela baixaria e te peço licença pra irmos os três para o quarto do Lipo, arrumar essa merda.
-Sei que não quis ser grosso. Mas tenha calma. Vou te esperar na sua suíte.
Voltei a falar com os dois moleques brigões.
- E vocês seus putos venham agora comigo na porra do quarto. Conseguiram fuder minha noite.
Chegamos ao quarto e os dois ainda respiravam de forma violenta. O Léo tinha cara de choro. Eu sabia perfeitamente que ele tinha levado aquele tapa me defendendo e me sendo fiel. Logo comecei a falar.
-Lipo quem aprontou fui eu. Sabe o que fiz? Pus minha porra dentro do molho Pesto que servi no jantar. E você, o Rick, a mulher dele e sua namorada Patyzinha adoraram. Agora vou dizer por que fiz isso.
-Acho bom Grandotte você ter uma boa explicação. Ou vou ficar mais puto ainda e dessa vez com você.
-Ah! Você que saber por quê?
-Claro! É o mínimo que mereço.
-Você merece é outra bifa na cara seu pirralho de merda metido a penico cheio. Você vem sistematicamente destratando o seu melhor amigo, seu amante, nosso irmão menor que temos tanto carinho e que sempre esteve ao nosso lado. Vive achando que por te amar o Léo deve passar por qualquer coisa para manter seu amor e simpatia. Tu conheces essa garota há poucos meses e acha que ela vale mais que a amizade e o amor do Léo? Não me importa onde você mete sua rola. Mas não destrate as pessoas dessa forma, não enquanto morar na minha casa, não enquanto for mio fratello menor. Posso ter feito muita merda Lipo, mas sempre te passei o que nossos babbos nos ensinaram. Respeito ao próximo. Principalmente se esse próximo lhe é caro. Não vou te permitir jamais Lipo tratar assim alguém que amo ou que te ame. Devo isso a você como seu fratello maior.
-Também amo minha namorada e você a destratou!
-Você acha que ela merece mais que o Léo? Quantas vezes já chorastes com ela? Quantas vezes ela te acalentou na derrota e nos seus medos? Quantas vezes mio fratello essa menina esteve ao seu lado na tristeza e na doença? Admito que você a ame. Mas não vou deixar você fazer o Léo de gato e sapato. A tê-lo quando acha que tem tempo pra ele, quando seu pau fica duro de tesão por ele.  Ou quando quer confessar seus pecados e suas dores. Amigos são muitos preciosos Lipo, não faz isso. E mais uma coisa Lipo! Não permita que sua namorada trate mal quem você gosta, ou as coisas vão daí para pior. Ou vai-me dizer que vai ser pau mandado também? Como você deixa que ela trate o Léo de forma desconsiderada? Respeite o amor que lhe devotam.
O Lipo parou por um momento. Conhecendo mio fratello sei que a ficha tinha caído. Olhou envergonhado para o Léo e disse.
-Onde foi que você aprendeu a bater desse jeito?
-Me perdoe Lipo, nunca sonhei em te bater, mas o tapa que você me deu me tirou do sério.
Me perdoa você Leozinho, não devia ter feito o que fiz. Acho que foi o álcool. Tu sabes que estou meio alto por isso te pedi para dirigir.
Falei.
-Anda logo seus viadinhos, se beijem e selem a paz e me deixem ir namorar um pouco. Ou melhor, muito. Kkkkkkkkkkkkkkkkkk.
Deixei os dois já sorrindo abraçados no quarto. Parecia que nada havia acontecido. Parei um momento na porta e voltei. Tinha mais a dizer.
-Agora quero dizer uma coisa aos dois.  Se pretendem continuar amigos ou amantes acho bom arranjarem um meio de se respeitarem. Vocês não são mais crianças para ficarem se batendo. Outra vez que acontecer isso na minha casa, dou uma surra nos dois. Quebro os dois na porrada. Nosso lar é sagrado! Devemos respeitá-lo. Tudo bem uma discussão, uma briga, mas nem sonhem em desonrar de novo minha casa, nossa casa com atitudes de bárbaros. Um homem conversa, discute troca idéias, fala alto. Mas porrada é coisa de moleque que pensa que é macho.
Léo disse, já tirando onda da minha cara.
-Só tu podes bater não é Bigs?
-isso mesmo, só pra manter a ordem. Ah! Outra coisa Léo, me perdoe ter metido você em confusão.
O Léo sorriu, veio ao meu encontro e me abraçou, dizendo-me ao ouvido.
-Relaxa! Valeu à pena ter rido muito da cara da piriguete socialite.
-Putinho safado!
Antes de bater a porta vi os dois já rindo alto e brincando como sempre faziam. Voltei para meu quarto e o Cado havia aberto a parede que ligava minha suíte ao ofurô. Preparava um banho para nós dois.
-Perdoe-me Cado se gritei contigo sem ter nada haver com a história. Estava bravo e tu sabes como fico quando furioso.
-Fica sexy.
-Sexy? Por isso me deu uma baixa na frente dos dois?
-nem vem se fazendo de vitima senhor Matteo, se eu te der ousadia você manda e desmanda em mim. Sabes que tens poder para isso sem me falar aos gritos.
-Já pedi desculpas!
-Só desculpo depois que tirar essa roupa toda e vir ao banho comigo. Vamos rir mais da cara da sua cunhada.
-Tu és mais safado que eu Cado e fica tirando onda de homem sério.
-Vem cá meu Teo, tá na hora da sobremesa.
Ele veio sorrindo e me tirou o blazer enquanto me beijava. Rapidinho fiquei molinho e calmo nos braços do Cado. Ele desabotoou minha camisa e me olhava com olhos safados. Aqueles olhos verdes e brilhantes que me faziam conhecer  céu e mar ao mesmo tempo. Sentia sua língua com gosto de champanhe em minha boca, seus braços tentavam me circundar num aperto carinhoso e protetor. Comecei a tirar-lhe as roupas. Juntos sorríamos felizes de estarmos juntos, planejando nossa viagem, resolvendo problemas de forma civilizada e honesta. Sem deixar magoas ou rastros dela por trás de portas.
Naquele momento me esqueci dos problemas que enfrentaria na Itália. Da dor de ver minha mamma enfrentar um monstro maior que ela. De ver nos olhos do babbo a tristeza da solidão que ele já adivinhava.
Havia momentos que eu pensava muito na dor e no medo que eu via nos olhos do babbo. Perder uma companheira de tantos anos. Sendo do modo que eles eram. Respeitando-se e dividindo suas vidas de forma amorosa e carinhosa. A mamma sempre o tratou com carinho, de certo modo o tratava como seu filho mais velho, perdoando seus pequenos pecados e escapadas, respeitando-o  como chefe da casa e seu homem. Admirava muito a relação dos dois e sempre tive para mim tal história como ideal de relação.  Posso ser briguento e turrão às vezes, mas sou sempre amoroso com meu Cado. Respeito nossas diferenças. Se tem um homem no mundo com coragem pra me mandar calar a boca é ele. Já o fez algumas vezes quando meu sangue italiano me sobe à cabeça e perco os limites do razoável.
Lembrando de tudo isso o abracei como se fosse nosso ultimo abraço. Sabia que ele seria meu esteio no caminho difícil que teimava em ser meu caminho. Eu sabia que enfrentaria um tufão e dentro desse pesadelo o Cado seria meu tronco, minha raiz e meu esteio.
Nus, sentíamos o calor aconchegante de nossos corpos juntos, nossos cheiros se misturavam. Nossas vozes diziam palavras doces e acolhedoras. Em meu pescoço sentia a respiração dele. No meio de minhas coxas sentia seu cacete duro e suas mãos apertavam com força minha bunda. Eu fazia o mesmo. Brincando o peguei no colo e o joguei no ofurô que tinha a temperatura ideal ditada pelos japoneses em 42 ° Celsius. Entrei em seguido e o fiz sentar em meu colo de frente pra mim. E beijei o meu homem sendo o eu o homem dele. E o céu estava repleto de estrelas vistas na escuridão em que deixamos o quarto. E no quarto abaixo mio fratello também amava seu homem. E naquela noite fui moleque, fui irmão maior, fui amigo e rival, fui frágil e fui forte, fui sacana e fui correto. 

2 comentários: