8 de set. de 2010

NSP Cap 34 Ciúmes e temores

E Logo chegou a esperada Quinta feira, dia de voltar à Bahia, de voltar a minha querida Soterópolis. Poder jogar meu voleizinho na praia, correr vendo o mar e sentir o vento que faz na curva do Farol da Barra, chegar em casa e ver mio fratello correndo para um abraço e em seguida disparar a contar tudo que aconteceu de Segunda até minha chegada, as mentiras sinceras da Estelita me dizendo que o Lipo se comportou como um anjo,  jantares namorando Ricardo, ter seus braços em volta de meu corpo, comer acarajé aos Domingos, sentir o gosto gelado de sorvete de Siriguela após o almoço de Domingo.
Sonhava com tudo isso, sabendo que logo à tarde asas me levariam de volta, quando o telefone tocou. Era o Rick. Me surpreendi, dificilmente ele ligava pra Brasilia.
-Ciao Rick, que milagre é esse?
-Diz ai meu tiozão.
-Tiozão é seu rabo, seu puto. Me diz ai o que é que manda?
-Queria te chamar, pra almoçar aqui na fazenda no Sábado.
-Poxa Rick, tava pensando em chamar teu pai para comermos na Praia do Forte.
-Ihh, mas vocês vão com a Mônica?
-Que Mônica?
-A gata da vez do papai!
-Ah essa Mônica. Mas porque ela viria? Ele fala os nomes das vitimas dele eu nunca registro.
-Ihhhh! Então foi um fora que dei. Depois falamos quando você chegar.
-Pára tudo e me conta os detalhes.
-O velho vai me tirar o couro. Mas tá na hora mesmo de você entrar em cena.
-Conta logo Porra!
-O negocio é o seguinte. Essazinha tá se achando a tal, Já vi tentando dar ordens lá em casa, digo, na casa do velho, já a vi escolhendo até a cor do carro novo dele. Desculpa Teo. Tô pensando que você está por dentro vei.
-Ele me falou de uma namorada que estava se achando tipo noiva, mas não dei moral, achei que era truque do Cado.
-Teo! Ela está redecorando o Yatch!
-Ela o quê?
-Convenceu o Ricardão a redecorar o Yacht.
-Rick almoça comigo hoje?
-Mas você não está em Brasilia?
-Me encontra no restaurante do aeroporto às 13 horas, vou pegar um táxi aéreo agora!
-Deu medinho?
-Medinho o caralho! Mas não quero uma abelha rainha rondando meu Cado, não.
-Tá bom Teo, tô subindo agora pra Lauro de Freitas! Mas nem toca com o Cadão que te falei essa história, ou ele me capa!
-Relaxa! Daqui a algumas horas nos encontramos. Bacci Rick.
Mandei a secretária fretar o avião e mandar minha mala de mão direto ao aeroporto. 
Fui pensando no caminho. O Cado me deu pistas que estava envolvido! E eu tão ocupado com meus problemas que me esqueci de proteger o que me é mais caro. Minha mais importante conquista. Meu amor.
Eu estava enraivecido comigo mesmo, estava enfurecido, enciumado! Se eu perdesse o Cado ficaria sem chão. Só em pensar nisso meu coração descompassava e meu estômago congelava. Será que estava sendo negligente com meu amor? Será que não lhe dava atenção bastante? Ou estava tão seguro de minha posição que nem dei bola para os fuxicos que eu mesmo li em algumas notas de colunas sociais? Nunca soube o que era sentir ciúmes do jeito que estava sentindo, mesmo assim não consegui culpá-lo em nenhum momento, pelo contrário, sentia  que o culpado era só eu mesmo!
Não ousei pensar mal da liberdade que sempre nos demos. Da liberdade que sempre tive, pois na verdade eu que usufruo dela com mais vontade. Mas minha lealdade estava intacta. Nunca entreguei mais que uma simples amizade a parceiros ocasionais, nunca entreguei meu coração a ninguém, pois mesmo que quisesse seria impossível, ele está guardado com Cado, junto ao seu próprio cuore.
Assim que entrei no restaurante do Aeroporto vi o rosto bonito daquele que é meu enteado, que já foi meu namorado. Estava no bar tomando um uísque.  Ofereceu-me um. Tomei de um gole. Depois pedi uma água, o troço estava me queimando a garganta.
-Toma outro Teo?
-Tá doido porra?  Tu tá a fim de me ver fazer barraco não é?
-KKKKKKKKK, Que nada Teozão! Mas bem que aquelazinha merecia ver-te irado!
-Que raiva tu tens dessa sujeita!
-Pô Grandão! Você sempre respeitou tudo que minha mãe deixou cara, você nunca tocou em nada, sempre admirei isso em você.Seu respeito pela memória dela.  Aí chega uma fulaninha que nem sei onde foi que o coroa arrumou pra dar as porras das bimbada dele, se metendo em tudo!
-Sei não Rick, talvez de certa forma eu tenha permitido isso. Tô viajando demais, trabalhando demais, estando fora demais.  Mas vou fazer tirar rapidinho as garras dela do que é meu.  Sabe algum podre?
-Nada cara! Tô na fazenda direto Teo. Mas o Almeidinha me disse que ela trata os empregados  como animais.
-Então já fez inimigos! Mas me diz uma coisa. O Cado está permitindo este desrespeito?
-Você sabe como é a Isabel (governanta do Ricardo). Os problemas que ela pode evitar não chegam até o papai.
Isso me irritou de verdade! Se antes se tratava de uma adversária, agora era uma inimiga. Nunca na minha vida desrespeitei alguém por sua função. Nunca fui íntimo, por exemplo, dos diretores da firma, mas trato como colegas. E trato do mesmo modo os porteiros, zeladores contínuos com o mesmo respeito que trato um diretor, gerente ou engenheiro. Sinceramente acredito que a companhia é um time. Com as funcionarias de minha casa então nem se fala. A Estelita manda mais em casa que eu.
-Esta pensando em que Grandão? Vendetta?
-Vou oferecer um jantar a ela.
-Porra vei! Te dei um toque que o bicho ta pegando e você vai alimentar o adversário?
-Deixa comigo rapá. Vou estudar o terreno. Mas porque você não fez nada ainda?
-Pô Grandão já dei trabalho demais cara! Não tenho direito de me meter assim na vida do coroa. E ele agora é problema seu. Kkkkkk
-Ela é nova Rick. Deve ser mais nova que o Lipo. Tem fraquezas fáceis. Já sei quem vai dar um jeito nisso.
-Me diz Teo.
Não respondi. Liguei pra ela marcando o jantar. Em seguida avisei a Estelita e a Silvia para arrumarem tudo. Depois fiz outra ligação. A Principal.
-Fala meu gatinho.
-Grande?
-Marcelo, quer ganhar um guarda roupa novo, um bom cachê e um trabalhinho fácil?
-Demorô. Mas tanta generosidade! Trabalho não deve ser facinho assim não.
-Daqui a duas horas nos encontramos no shopping.
Na hora marcada, encontrei com o Marcelo, mais gato que nunca na praça de alimentação do shopping. Ele chegou com um belo sorriso irradiando prazer em me encontrar.
Começamos a falar amenidades até que o Marcelo disse:
-Libera ai o que tens pra mim.
-É o seguinte. Quero que tu pegues a namorada do Cado. Se achar que rola um bom flagrante ótimo.
-Puta que pariu Gigante! Me queimar com o Ricardo! Tá mals vei.
-É talvez flagrante seja demais mesmo. Agora que você falou, pensei direito, não ia querer ver o Cado passar por um vexame desses. Mas quero que você descabeceie a cachorra. Tira ela do meu caminho.
-E Porque você mesmo não faz isso? Foi assim que você sempre fez!
-E pagar de ciumento? Não rola.
-É gata?
-Já viu o Cadão pegar bagaço?
-Pô vei, disputar com o Ricardão? Vai ser fácil não. O cara além de bonito é podre de rico!
-Você consegue, ou não te chamaria. A gata é novinha, vai ficar doidinha por essa cara bonita e esse corpão. Tu sabes o que fazer Cello! Não vou ensinar o Pai Nosso ao Vigário.
-Ok, Grande. Se é pra te ajudar tô dentro.
-Valeu Cello, te pago o cachê habitual, as despesas por fora e um farrinha na Calvin Klein depois de feito.
-Prefiro Armani.
-Como queira.  Vou dar um jantar pra vagaba hoje, esteja lá às 20 horas.
O Marcelo começou a me contar sobre uma nova tia, que ele tava saindo, que estava curtindo a mulher mesmo, que gostava do jeito que ela o tratava. Aconselhei-o a se firmar e sair da vida de puto. Isso nunca é para sempre, estava já com 27 anos, as noites insones e trepadas sem limites começavam a deixar marcas em seu belo rosto. Tive a sorte de sair cedo. Falei.
-Cellão se achar que deve cara, saia dessa vidae não faz merda de novo. Você ta ficando velho cara, daqui a pouco um garotã0 de 20 te tira o trono. Se aposenta e vai trabalhar em algo que te faça crescer de verdade. Não cai nessa que é pra sempre.
-Tem razão Grandão, vamos ver  o que rola. Se rolar de novo algo bom, dessa vez não dou mole.
-Toma aqui um adiantamento meu amigo e chega lá em casa na hora e nos trinks!
_OK, Teozão. Valeu vei pela força.
Ele me deu um beijo no rosto. Neste pequeno gesto senti que ainda nutria por mim, mais que amizade. Fiquei envaidecido e me senti grato por ter um amigo. Mas ao ficar só pensei no que estava fazendo. Estava armando uma trappa! (armadilha) mas não deixaria umazinha me afastar de meu Cado. Nunca fui de armadilhas bobas, sempre agi diretamente, mas alguma coisa me dizia que não devia me meter de forma direta nesta historia. Tambem queria tirar do caminho do Ricardo uma rata que só queria a grana dele. Lógico que sabendo o homem que tenho, sei de sua vaidade também. Ricardo tinha 47 anos, idade em que percebi que ele se entusiasmava com garotas bobas, belas mulheres. Sabia que era coisa passageira e nunca dei atenção, mas em todo caso melhor ficar com um olho no padre outro na missa.
Estava pensando nisso, quando o celular tocou e era a Silvia me passando um recado do Babbo, pedia que eu ligasse o quanto antes para ele. Meu coração deu um pulo. Senti que não era coisa boa. O Babbo nunca ligar pedindo um retorno assim. Achei melhor ir para o escritório e ligar de lá. Assim teria mais comodidade para falar. O Shopping é bem perto da sede das empresas e minutos depois estava na minha sala, numa chamada com o babbo.
-Ciao babbo, buonna sera
-Ciao figlio! Bisogno parlare con te (preciso falar contigo)
Sua voz estava soturna, fiquei sobressaltado.
-Me diz Babbo, como vai o senhor e a mamma.
-Estou bem de saúde, mas muito preocupado com tua mamma. O médico pediu diversos exames não costumeiros a ela, e a sinto triste. Diz que não é nada, mas à encontro pensativa demais às vezes. Mio cuore diz que algo ruim esta acontecendo.
-Ela fez os exames? O senhor tem notado algo de cativo (mal) em sua saúde?
-Sim fez os exames, mas não fala comigo sobre as consultas e resultados. Figliolo non voglio te preocupare a toa, mas algo ruim está acontecendo.
-Babbo, estarei ai  no Sábado ou na Domenica  (Domingo), marque o médico que ela tem ido ver para Lunedi (Segunda), ela vai ter que nos dizer o que esta acontecendo. Por favor Babbo, non parla nulla (não fale nada) com o Lipo, sabes como ele é preocupado com a mamma, ele está em exames de pós graduação, afinal pode não ser nada muito grave, nós dois vamos cuidar disso.
Puta que pariu! Tudo de uma vez!
O Jeito era resolver cada coisa à seu tempo. O jantar à noite seria um start para o Cello dar uma boa paquerada na menina do Ricardo, quem sabe não mostrávamos ao Cado a vulgaridade daquela que com quem estava se metendo e tudo acabava por ali mesmo? Depois iria a Napoli ver os babbos. Isso realmente estava me deixando preocupado. A mamma fazia exames regulares, mas, era duro levá-la á um ginecologista por exemplo. Sua timidez e criação campesina não permitiam que se mostrasse nua a ninguém. Lembrei que na menopausa dela o babbo sofreu o diabo até ela aceitar a fazer reposição hormonal. A mamma sofria ondas de calores que pareciam vulcões, e o humor estava um descalabro, sobrava pro babbo. Depois com os hormônios melhorou, ficou mais ativa e menos rabugenta. Mas me lembrei de te-la achado mais magra da ultima vez que a vi.
Isso iria ser páreo duro. E tinha de ser feito sem o Lipo saber, não queria desconcentrá-lo agora num momento tão importante para ele.
Que fim de semana dos infernos iria enfrentar. Mas como sempre fiz, não sofri por antecedência. Corri para a sala do Ricardo para falar-lhe do jantar e de meus temores sobre a mamma.
-Que estranho oferecer esse jantar!
-Que nada meu amor, só quero conhecer melhor a mulher que tanto tem te chamado atenção.
-Ciúmes?
-De jeito nenhum! Apenas acho que você merece que eu esteja mais próximo de ti.
-Te conhece Teo! O bastante para temer por esse jantar.
-Relaxa homem! Tô de boa. Mas sobre o problema da mamma? O que você acha?
-Sinceramente Teo?
-Sempre.
-São dois corações temerosos. O seu e o de seu pai. Não digo que deve ir apreensivo, mas preparado. E saiba meu garoto que vou estar contigo em qualquer situação.
O Cado vei por trás da cadeira onde eu sentava e me deu um abraço me beijando o pescoço. Levantei e o abracei. Senti uma onda de temor. Mas sentindo o coração dele batendo junto com o meu, uma paz imensa me invadiu. Senti que não estaria só qualquer que fosse a batalha. 

4 comentários:

  1. força
    abração de um amigo destante

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  2. Matteo acho q foi neste dia que começou sua nova batalha, espero de coração que vc consiga vencer mais um desafio, talvez um dos mais importantes, afinal trata-se de sangue de família. Espero que na medida do possível vc esteja bem, assim como todos os seus. Que os Deus abençoe todos. ABÇ

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  3. um dos capítulos mais intensos e emocionantes na minha opnião..primeiro por trazer algo novo a relação tua e do caddo e segundo pela saúde da tua mamma...bacci do Will, fratelo

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  4. Ciao Me cansei,
    Que bom que curtiu cara! To aprontando o 35, tento postar no máximo até segunda feira.

    Bacci.

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